segunda-feira, 12 de março de 2012

Educar é agir

segunda-feira, 12 de março de 2012 0
@jefercastro

A menina não teve aula naquele feriado. Saiu de casa toda feliz pela rua. O parque deveria estar mais verde e mais bonito naquele dia. Caminhou pelo gramado da vizinha, sorriu para o cachorro adormecido na calçada e atravessou.

Do outro lado encontrou a mulher mais descabelada que já vira. Aquele sorriso simples naquele rosto já encarquilhado. Admirou-a.

A velhota gesticulou repentinamente. A menina desconheceu. As mãos da mulher dançaram novamente. A menina temeu. E continuou seu caminho.

Ao final da tarde, a menina repetiu o percurso e se sobressaltou com a mesma senhora no mesmo ponto da calçada. Viu os gestos dançantes novamente e não entendeu. Mas se lembrou que a professora disse que tinha que respeitar os mais velhos e que fez um discurso penoso sobre o assunto.

Logo estendeu a mão para senhora, sorridente.  A senhora apertou-a firme.

Fez o que aprendera na escola: teve empatia não somente pela idade da mulher, mas pela pessoa que ela era. Levou-a, enfim, até o outro lado.

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Eu comento

A simplicidade da atitude de uma criança e da lembrança que ela teve na escola nos faz imaginar e, sobretudo, refletir, que as pessoas têm um sentido empirista de viver.

Objetos políticos, sociais e econômicos moldam um ser humano cada vez mais experiente, assim como um abraço do pai e o reconhecimento de uma professora por uma tarefa bem feita. São esses mesmos objetos que nos guiam a fazer as coisas de um jeito ou de outro. São as pessoas e seus exemplos que se tornam referências para a rotina.

A educação dentro de uma sociedade desenha as qualidades e defeitos do seu próprio cenário. Ela tem esse papel de promover uma qualidade de vida melhor, com a visão de transformar, por exemplo, toda a riqueza de um país em qualidade de vida para o cidadão comum.

A escola não deve apenas se basear numa lista infinita de livros didáticos, mas também em dialogar com seus alunos sobre o ser humano que ele é e o meio social onde ele vive. Mostrar que doenças podem ser evitadas pela simples informação em um cartaz na janela do ônibus ou por uma superpalestra num portal superfamoso.

Dessa forma, por fim, cria-se uma sociedade crítica ao seu próprio espelho, que sabe valorizar os seus recursos, seja ele em forma de abstrata informação, ou em formas físicas.
 
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